segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Mafalala já me conhece!


Antes de qualquer coisa, vou explicar pra quem não sabe – ou seja, pro pessoal que não é daqui de Maputo – o que vem a ser o Mafalala. Esse nome é dado a um dos bairros mais conhecidos daqui da cidade. O Mafalala é um bairro bem carente, com muitas casas “remendadas”, com encanamento vazando por tudo, com gente na rua direto, com crianças jogando futebol no meio da estrada, com barraquinhas por todos os lados... enfim, é o básico a se falar. No mais, o que é muito importante dizer é que são pessoas muito, mas muito legais. É a diferença de se trabalhar nos bairros, e não no centro, como alguns estagiários. Eu atravesso todo o Mafalala pra chegar ao bairro onde eu trabalho (Malhangalene), e isso engloba um conhecimento de território sem igual! Quem trabalha no centro, obviamente não vê tudo o que eu vejo diariamente nos bairros. E, na minha concepção, é muito mais legal trabalhar nos bairros, porque o contato com a população é direto, com o povão, com a pura cultura moçambicana. Voltando a falar do Mafalala: eu ando aproximadamente 15 minutos dentro do bairro, duas vezes por dia, porque agora eu to indo trabalhar a pé, sozinha (=D), e o meu chefe não vai mais me buscar em casa (alojamento). Aí está o ponto: me virar sozinha, conhecer o íntimo da cidade. No começo, todos me olhavam esquisito, do tipo “o que que essa estrangeira tá fazendo perdida aqui?”. Isso se dá porque na concepção deles, quem é branco e anda a pé, é porque tá perdido, porque se não estivesse perdido, estaria de carro. Ok, então no começo me paravam direto, perguntavam se eu queria ajuda, pra onde eu tava indo, e tal. Muitos tentavam falar comigo em inglês, pois, também na concepção deles, branco fala inglês. Depois de certo tempo, quando já iam se habituando com a minha presença, já chegavam pra perguntar de onde eu era, como que era no Brasil, se é bonito como mostra na TV. E hoje, depois de um bom tempo no meio deles, já é rotineiro dar bom dia, ou “dishille” (em shanganna), sorrir, “Oi”, “Olá”, e eles fazem sempre questão de cumprimentar, de dizer “Tá bonita hoje, menina!”, “Bom trabalho”, enfim, coisas que preenchem o dia de gratificação. Hoje eu posso dizer que O Mafalala já me conhece, assim como também posso dizer que Eu também conheço o Mafalala. Uns queridos que só vendo. Ah, essa foto é da Maiara, porque eu ainda não tive a capacidade de bater umas fotos do bairro.


Um comentário:

  1. Orgulhooo...... De ti... Amoo mtooo....
    A saudade ta doendo, mais fico feliz por ti...

    ResponderExcluir