segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Último findeee


Todos os findes aqui foram demais! Às vezes eu paro pra pensar, e refletir se realmente eu fiquei aqui por quase dois meses ou por dois dias. Tudo voou, como se fosse uma daquelas piscadinhas de malícia. Mas me sinto verdadeiramente moçambicana, e ainda não sei se preparada pra voltar. Acredito que a primeira semana no Brasil vai ser difícil, assim como foi a minha primeira semana aqui. Porém, a vida é feita desses vais e vens, e tudo o que se agrega a ela são experiências válidas. Deixando a filosofia de lado, e falando o que eu vim pra falar: tive um fim de semana fixe (como dizem os tugas). Na sexta à noite, fomos conhecer o apartamento da Kia, uma intercambista dinamarquesa. Teve cervejada, uma galera muito legal, bate-papos... enfim, legal pra caramba. No sábado, íamos a um tour pelo bairro Mafalala (já antes citado aqui por mim, mas disse o Hussein que eu iria ver muito mais coisas do bairro). Chegamos cedo ao ponto de encontro, eeeeeee? Não teve tour. Aff. Ok, nos preparamos para o plano B: FACIM. O FACIM é um evento moçambicano de reunião de empresas e serviços. Tem empresas do mundo inteiro, que vem divulgar o nome e a cultura do país proveniente. Claro, o Brasil tava no meio. E lá fui eu pra tenda brasileira, dançar pagode e chupinzar sofá pra descansar. Muito legal! Fomos nos outros países, pedíamos brindes em todas as barracas, bem caras-de-pau. Não mencionei, mas quando digo “nós”, sou eu, Nuno, Cristiano e Hussein, mesma turma que foi pra Namaacha, e que é a minha gang. Então, ganhamos canetas, bonés, fitas pra pendurar coisas no pescoço, revistas, e muita, muita papelada. Onde tinha montinho a gente ia pegando. Ah, sem contar das comidas, que tinha uns petiscos em cada tenda. A que eu mais gostei foi a tenda de Angola, tinha uns pedaços de côco caramelizados que uiiiii, delícia. Fiquei mais tempo ali, of course. Depois de bater muiita perna pela FACIM, fomos ao Estádio Nacional do Zimpeto, onde estava acontecendo a abertura dos Jogos Africanos Maputo 2011. Caraca véééiii, muito shooow! O estádio ficou bem lindo, e com uma boa iluminação, a apresentação ficou muiito legal. Souberam mostrar a essência do país, com ritmo, música, danças ensaiadas e tudo o mais. A galera nas arquibancadas ia à loucura, e eu, claro, fui junto. Saí quase sem voz, de tanto berrar. Mas saímos cedo do lugar, pois sabíamos como seria se saíssemos no fim do evento. Tudo preparado para o outro dia irmos para a Ponta do Ouro, uma praia belíssima daqui de perto. E novamente deu em nada, porque o carro do Bruno, que é o amigo que ia nos levar, pifou, parece. Enfim, no domingo tivemos que nos organizar pra fazermos outras coisas. O lanche que compramos pra levar pra Ponta do Ouro, usamos em um piquenique no Parque dos Professores, e, depois de comer, fomos pra Catembe, que é uma praia aqui em frente, que é só pegar um barco e atravessar. Tomamos umas cervejas por lá e voltamos. Eu e o Nuno, pra não perder o costume, voltamos a pé pro alojamento. Tava podre de cansada, e torrada do sol, porque não passei protetor. Em meio às dores de me virar na cama, capotei bonito. E aí, algumas fotos dos passeios =)



 

Últimas emoções!

É tão bom, e ao mesmo tempo tão triste, dizer que o meu estágio está acabando... o sentimento é de “fiz a minha parte”, e tem outro que diz “queria fazer mais”. Porque é um país que realmente precisa de voluntários. Muitos voluntários. Desde a semana passada, têm ocorrido muitas coisas, acontecimentos ao redor de mim e comigo. Tenho presenciado e intensamente vivido muitas coisas. Só Deus é testemunha do que eu sinto agora. Há algum tempo, a organização onde eu trabalho se inscreveu para uma doação de móveis, que uma empresa “forte” daqui estava oportunizando. Empenhei-me pra passar a visão mais positiva possível da nossa organização, para que fôssemos contemplados com esses móveis, que poderiam ser utilizados na nossa rede de escolinhas. Enfim, na sexta-feira de manhã, recebemos um telefonema, para irmos buscar os móveis. Me senti por parte responsável por termos alcançado esse objetivo, pois fiz parte da mobilização e divulgação da nossa Ong. Fomos buscar os móveis, que são muito bons, por sinal. Mas, antes disso, ainda na sexta-feira, fui abençoada mais uma vez. Consegui, através de uma conversa com a diretoria, entrar em uma das “Apaes” de Maputo. Aqui não se chama “Apae”, como no Brasil. Aqui eles chamam de “Centro de Reabilitação”. Achei impróprio esse termo, uma vez que se a pessoa possui uma deficiência, é pra vida inteira, e também “reabilitação” soa como se fosse uma clínica para usuários de drogas. Enfim, opinião minha. Mas como eu ia dizendo, entrei na Apae (vou me referir assim), e encontrei muitas, mas muitas crianças e jovens. E vi como o Brasil oferece mais estrutura nesse aspecto. O ambiente é até bom, graças a uma reforma cedida por um grupo de brasileiros que, segundo a secretária, doou materiais de construção e fizeram a mudança. Há várias salas de aula, cada sala com um grupo de crianças ou jovens. O turno matutino é das crianças, o vespertino é dos jovens. Há professores que os orientam, ajudam a escrever algumas letras... Isso me animou, por ver o empenho dos profissionais, o amor pela camisa. No entanto, fiquei muito indignada: conversando com a secretária, ela contou que os professores não ganham NADA por estar ali. O governo não os paga para estar ali. O que eles ganham são de doações de outras organizações e/ou países, que também visitam o lugar. E, pelo que ela disse, há muito tempo que ninguém mais doa nada para a Apae. Ou seja, os professores TRABALHAM DE GRAÇA, estão ali, apoiando aquelas crianças deficientes, dando instrução a elas, por amor ao que fazem!!! Fiquei muito emocionada, ao ver o trabalho deles, indo de mesa em mesa, pegando no lápis, ajudando a escrever, sabendo que não vai ganhar nada, somente o sentimento de realização pessoal, que não deixa de ser importante. Outra coisa muito trágica é saber que não há merenda, que os alunos trazem um lanche de casa, e muitas vezes ninguém traz nada, porque não tem o que trazer. É uma das organizações que ainda se mantém de pé, porque algumas fecham, porque, nessas situações, de falta de comida, transporte e professores, não há como receber alunos. E isso soma mais índices negativos ao país, que poderia muito bem deixar de investir em palhaçada e ajudar nessa questão. Não me surpreendo com essa realidade, porque venho de outro país que faz disso pra pior. Bom, esse é o post só de sexta-feira, vou fazer outros pra esse não ficar comprido demais. Ficam aí umas fotos, maningue nice!