segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Últimas emoções!

É tão bom, e ao mesmo tempo tão triste, dizer que o meu estágio está acabando... o sentimento é de “fiz a minha parte”, e tem outro que diz “queria fazer mais”. Porque é um país que realmente precisa de voluntários. Muitos voluntários. Desde a semana passada, têm ocorrido muitas coisas, acontecimentos ao redor de mim e comigo. Tenho presenciado e intensamente vivido muitas coisas. Só Deus é testemunha do que eu sinto agora. Há algum tempo, a organização onde eu trabalho se inscreveu para uma doação de móveis, que uma empresa “forte” daqui estava oportunizando. Empenhei-me pra passar a visão mais positiva possível da nossa organização, para que fôssemos contemplados com esses móveis, que poderiam ser utilizados na nossa rede de escolinhas. Enfim, na sexta-feira de manhã, recebemos um telefonema, para irmos buscar os móveis. Me senti por parte responsável por termos alcançado esse objetivo, pois fiz parte da mobilização e divulgação da nossa Ong. Fomos buscar os móveis, que são muito bons, por sinal. Mas, antes disso, ainda na sexta-feira, fui abençoada mais uma vez. Consegui, através de uma conversa com a diretoria, entrar em uma das “Apaes” de Maputo. Aqui não se chama “Apae”, como no Brasil. Aqui eles chamam de “Centro de Reabilitação”. Achei impróprio esse termo, uma vez que se a pessoa possui uma deficiência, é pra vida inteira, e também “reabilitação” soa como se fosse uma clínica para usuários de drogas. Enfim, opinião minha. Mas como eu ia dizendo, entrei na Apae (vou me referir assim), e encontrei muitas, mas muitas crianças e jovens. E vi como o Brasil oferece mais estrutura nesse aspecto. O ambiente é até bom, graças a uma reforma cedida por um grupo de brasileiros que, segundo a secretária, doou materiais de construção e fizeram a mudança. Há várias salas de aula, cada sala com um grupo de crianças ou jovens. O turno matutino é das crianças, o vespertino é dos jovens. Há professores que os orientam, ajudam a escrever algumas letras... Isso me animou, por ver o empenho dos profissionais, o amor pela camisa. No entanto, fiquei muito indignada: conversando com a secretária, ela contou que os professores não ganham NADA por estar ali. O governo não os paga para estar ali. O que eles ganham são de doações de outras organizações e/ou países, que também visitam o lugar. E, pelo que ela disse, há muito tempo que ninguém mais doa nada para a Apae. Ou seja, os professores TRABALHAM DE GRAÇA, estão ali, apoiando aquelas crianças deficientes, dando instrução a elas, por amor ao que fazem!!! Fiquei muito emocionada, ao ver o trabalho deles, indo de mesa em mesa, pegando no lápis, ajudando a escrever, sabendo que não vai ganhar nada, somente o sentimento de realização pessoal, que não deixa de ser importante. Outra coisa muito trágica é saber que não há merenda, que os alunos trazem um lanche de casa, e muitas vezes ninguém traz nada, porque não tem o que trazer. É uma das organizações que ainda se mantém de pé, porque algumas fecham, porque, nessas situações, de falta de comida, transporte e professores, não há como receber alunos. E isso soma mais índices negativos ao país, que poderia muito bem deixar de investir em palhaçada e ajudar nessa questão. Não me surpreendo com essa realidade, porque venho de outro país que faz disso pra pior. Bom, esse é o post só de sexta-feira, vou fazer outros pra esse não ficar comprido demais. Ficam aí umas fotos, maningue nice!


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